"Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, uma revolução. Alguns dizem que é assim que a natureza compôs as suas espécies."
-Machado de Assis
Aquela tempestade de areia me pegou de surpresa. Quando dei conta do que estava acontecendo, era tarde demais para salvar qualquer coisa além da minha própria vida. Tudo foi destruído, levado para muito longe ou soterrado pela areia. Nada restou, apenas eu e isso era tudo que eu precisava para recomeçar. Confesso que mal sei como cheguei até aqui...
Tudo é abstrato e sem forma definida. Bem que me disseram que as coisas não voltariam mais a ser como antes, bem que me falaram que nada mais iria para o lugar de antes. Eu levo um baque atrás do outro e cada vez que levanto, nada mais tem o mesmo sentido. Quando penso que me adaptei, um novo tombo...
Mais uma vez encontro-me a fazer bagagens. O vento fresco de outono entra pela janela acima da escrivaninha do quarto, embora faça um sol tímido e aconchegante. Olho o bilhete comprado durante a semana em cima da escrivaninha, o trem partirá às 14h36. "Que horário de partida mais estranho", comento mentalmente. Junto ao comentário me vem...
Escrito por Isabela Martins
