CONVITE AO PERDÃO

05/07/2022

Escrito por Isabela Martins


Querida, pare de ser tão dura com você mesma. Você foi capaz de perdoar quem te ofendeu, de pedir perdão as pessoas que você ofendeu e até mesmo aquelas que te ofenderam. Você dobrou os seus joelhos em meio a lágrimas, suplicando pelo perdão de Deus por ter feito escolhas erradas, por ter pecado e trilhado caminhos de destruição, e por que é tão rude consigo mesma? Por que não consegue pedir e liberar o mesmo perdão para si? 

Minha cara, todos nós nos perdemos em algum momento da jornada, seja dentro de nós mesmos ou em nossas atitudes. Todos nós contrariamos nossas próprias verdades e até mesmo duvidamos delas. Não somos feitos apenas sol, temos nossas sombras também. Se você se atentar aos fenômenos naturais que acontecem a todo momento, vai entender um pouco da vida. Observe como em um único ano vivemos quatro estações diferentes. Há dias ensolarados e dias de tempestade. Dias em que as flores murcham, as folhas caem e o sol se intimida. Cada estação traz consigo necessidades diferentes e não se pode chegar em uma sem passar por outra, e também não pode fazer com que uma dure para sempre. Assim como o rio precisa fluir, as estações precisam mudar. Os ciclos precisam acontecer, com começo, meio e fim. 

Você estava em uma estação em que precisava sobreviver e quando estamos no nosso modo de sobrevivência, fazemos muitas coisas das quais não nos orgulhamos, mas que, com a visão que temos da situação, são necessárias. Contrariamos nossas verdades e nos frustramos com nós mesmos, mudamos quem somos da água pro vinho, fazemos coisas que nos decepcionam e ficamos igual um cão ferido, rosnando e latindo para qualquer um que tente se aproximar. Não é valentia, é apenas uma forma de nos protegermos de mais feridas, uma forma de sobrevivência. 

E agora, depois de pedir e liberar perdão a todos por tudo, das feridas terem sido curadas e serem apenas uma cicatriz, você ainda está tentando sobreviver. Não há mais uma guerra lá fora, você está lutando sozinha numa sala de espelhos, onde só existe um inimigo: você. Está lutando consigo mesma, com quem se tornou. Está frustrada e com raiva de quem se tornou e das coisas que abriu mão para sobreviver aos seus dias tenebrosos. Sente-se cansada por estar em uma batalha em que só você é a combatente e só você pode levantar a bandeira de paz.

Por saber de tudo isso - e sei que você também sabe -, eu te faço um convite ao perdão. Peça perdão por ter sido tão dura consigo mesma, por todas as coisas que se sujeitou, por todas as mentiras que se forçou a acreditar, por toda injustiça que cometeu contra si e por ter desrespeitado seus próprios limites. E também se perdoe por todas essas coisas, acolha-se e diga a si mesma que fez o melhor que pôde, até mesmo quando errou cruelmente consigo mesma. Diga que se esforçou, mas que suas dores embaçaram sua visão e endureceram seu coração, levando-te a cometer mais erros que acertos. Dê isso a você, comece esse processo e dê a si mesma a segunda chance que deu a tantas pessoas. Você merece e deve isso a si.

Eu não vou mentir para você dizendo que as coisas vão se ajeitar do dia para a noite, que um belo dia você vai acordar com a mente e o coração esclarecidos. Também não vou dizer que vai ser algo mágico e belo. O que posso afirmar é que essa é uma decisão diário de amor, perdão e acolhimento com dias ensolarados, nublados e tempestuosos. Nos dias que as coisas ficarem mais difíceis, lembre-se de respirar e continuar a jornada. Lembre-se também que as coisas mudaram, que você mudou e isso não é tão ruim quanto você pensa nesse momento. Toda mudança gera bagunça e toda bagunça leva tempo para ser organizada, seja paciente. Vá no seu tempo, mas vá. Recrie-se de forma honesta, sem máscaras, sem fantasias. Abrace sua história.


Ouça a canção "Angel" de Saral McLachan

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